Desenvolvimento das competências socioemocionais é cada vez mais urgente

Estamos em maio enfrentando um calor de verão. Como devem estar as crianças gaúchas, milhares delas sem poder voltar para suas casas e escolas, que foram totalmente destruídas? Como fica a cabeça dessas crianças? Como trabalhar esse luto e converter tristeza em resiliência e reconstrução?

No Brasil, tínhamos a fantasiosa ideia de que “Deus é Brasileiro” devido às condições climáticas favoráveis, um clima agradável e poucos fenômenos naturais que impactassem nossas vidas. Mas isso está mudando rapidamente.

As questões climáticas, muitas vezes restritas aos livros de geografia e ciências, agora são enfrentadas na pele pelos alunos. Eles vivenciam um mundo transformado pelo impacto do homem na natureza, o que exigirá de nós uma capacidade não aprendida de lidar com as adversidades.

O mundo BANI – Frágil (Brittle), Ansioso (Anxious), Não-Linear (Non-Linear) e Incompreensível (Incomprehensible) – requer uma educação diferente nas escolas. Precisamos preparar os alunos para esse mundo em transformação. A educação socioemocional oferece oportunidades para fortalecer as dimensões cognitiva, socioemocional e híbrida dos estudantes.

Capacitar os alunos a compreender e gerenciar suas emoções e interações presenciais é urgente. Como aponta o pesquisador Michel Desmurget em seu livro A Fábrica de Cretinos Digitais: “Três traços marcantes caracterizam essa nova geração: o zapping, a impaciência e o coletivo. Eles esperam uma retroatividade imediata: tudo deve ser rapidíssimo.” É notória a capacidade inventiva dos mais jovens para aprender, descobrir caminhos e melhorar processos. Hoje, o volume de informação no mundo dobra a cada 72 dias, e as novas gerações navegam por esse mar de informações com destreza, mas existe um efeito colateral.

Tomar decisões certas e alcançar equilíbrio em um mundo caótico é um desafio cada vez maior devido ao volume de opções e caminhos disponíveis. A escola e a família precisam trabalhar a resiliência para que crianças, jovens e adolescentes se tornem cidadãos mais conscientes e equilibrados. É fácil perceber a dificuldade dos alunos em sala de aula para resolver conflitos e a angústia que se converte em depressão, lotando os consultórios médicos e as clínicas de psicologia. A sociedade está adoecendo rapidamente e parece que não queremos falar sobre isso.

“Para construir, a criança pequena precisa também se entediar, sonhar, imaginar, criar, agir em vez de reagir. É fundamental deixá-la por vezes construir suas atividades, oferecendo-lhe a possibilidade de explorar o mundo, em vez de submetê-la constantemente ao seu frenesi invasivo e incitante”. Michel Desmurget

Neste cenário de profundas transformações, é fundamental que a educação se adapte para desenvolver não apenas habilidades cognitivas, mas também a capacidade de lidar com emoções e construir relações humanas sólidas. Só assim poderemos formar uma geração capaz de enfrentar os desafios de um mundo em constante mudança.

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Alysson Lisboa

Consultor e Professor

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