Organização ambidestra: Seguir as regras e quebrá-las ao mesmo tempo: isso é possível?

Os funcionários não vivem apenas sob a pressão de entregar tarefas. Eles são cobrados para cumprir regras e seguir rotinas organizacionais essenciais para a sobrevivência da empresa, mas, ao mesmo tempo, são incentivados a explorar novas formas de trabalhar, de criar rotinas e até estabelecer novas regras.

Para os pesquisadores Mikael Holmqvist e Andre Spicer, autores do livro Managing ‘Human Resources’ by Exploiting and Exploring People’s Potentials (Research in the Sociology of Organizations), os funcionários precisam se envolver ativamente nos processos de inovação contínua. Isso se deve, em grande parte, ao cenário B.A.N.I., que caracteriza o ambiente organizacional atual. A necessidade de inovar, lançar novos produtos, explorar novos negócios e reinventar modelos de operação nunca foi tão urgente. O que funciona bem hoje pode se tornar obsoleto em pouco tempo.

Seguir regras, ser criativo e cumprir processos de trabalho cuidadosamente gerenciados, enquanto se inventa o futuro, não é apenas possível — é essencial. As lideranças devem estimular suas equipes a construir uma cultura de inovação, desenvolver uma visão sistêmica e adotar uma abordagem big picture, olhando além das questões internas da organização. Podemos ignorar os impactos do cenário político e econômico global? Certamente, não.

Exploração

Construir uma empresa focada em inovação, experimentação e busca por novas oportunidades significa assumir riscos, testar ideias e explorar mercados e tecnologias desconhecidas ou incipientes.

Os autores citam um estudo sobre a fábrica de caminhões e ônibus Scania. Seus trabalhadores eram demandados a refinar processos, realizar tarefas repetitivas e seguir crenças coletivamente compartilhadas sobre produção e manufatura. No entanto, também eram incentivados a agir de maneira inovadora, testando novas soluções e até mesmo desafiando conceitos fundamentais da filosofia de produção para aprimorar os resultados.

Mas como os funcionários podem lidar com essas demandas aparentemente conflitantes? Ainda há poucas respostas sobre como estratégias ambidestras podem ser desenvolvidas na prática e quais são suas implicações humanas. Aponto aqui alguns caminhos possíveis:

Acesso a conhecimento e dados: Criar uma biblioteca interna e facilitar o acesso a uma ampla base de informações sobre inovação pode ser um grande diferencial. Estimular grupos de estudo e promover o compartilhamento de relatórios, livros, papers e pesquisas fortalece a cultura de aprendizado contínuo dentro da organização.

Tempo para inovação: O Google permite que seus funcionários utilizem parte do tempo de trabalho (20%) para o desenvolvimento de novas competências ou projetos, até mesmo dentro da própria organização. A empresa entende que essa iniciativa estimula a criatividade e treina o cérebro para o desenvolvimento de novas habilidades.

Métricas adequadas para criatividade: O pensamento criativo não pode ser medido com os mesmos critérios utilizados para avaliar processos organizacionais tradicionais. São abordagens diferentes. Não se pode medir o sucesso de uma ideia apenas pelo número de projetos que se transformaram em produtos ou inovações dentro da empresa.

Exposição a novos mundos narrativos: Permitir que os funcionários participem de eventos culturais e compartilhem suas experiências com os colegas pode estimular a criatividade de diversas maneiras. Grandes festivais, como Lollapalooza, Rock in Rio e CCXP, assim como eventos de inovação e tecnologia, como CES, NRF e SXSW, proporcionam novas perspectivas e insights valiosos.

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Consultor e Professor

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